Chiquinha Gonzaga: A Primeira Maestrina do Brasil e a Mulher que Brigou por Seus Direitos na Música

12/05/2025

Da Redação - Ruído Urbano News

Quando o assunto é pioneirismo feminino na música brasileira, um nome precisa vir à tona com a força de um acorde bem marcado: Chiquinha Gonzaga. Em uma época em que mulher "direitinha" não podia nem subir no palco sem causar escândalo, ela não só subiu — como compôs, regeu, quebrou paradigmas e ainda exigiu os direitos autorais que ninguém ousava reivindicar.

A Mulher que Mudou o Vocabulário da Música

Antes dela, o termo maestro era exclusivo dos homens. Mas Chiquinha não só enfrentou o preconceito de ser mulher e artista — como exigiu ser reconhecida por aquilo que realmente era: uma maestrina. Isso mesmo. Foi graças a ela que essa palavra feminina entrou oficialmente no nosso dicionário musical. Se hoje o termo parece natural, lembre-se que, na virada do século XIX para o XX, isso foi uma revolução linguística e cultural.

Direitos Autorais: Ela Foi a Primeira a Brigar por Isso no Brasil

Chiquinha também não aceitava que suas composições circulassem por aí sem que ela recebesse nada por elas. Num país onde os compositores ainda viviam à margem da indústria fonográfica (que ainda nem existia formalmente), ela foi a primeira mulher a reivindicar legalmente seus direitos autorais. Isso num tempo em que mulheres sequer tinham direito ao voto. Sim, ela enfrentou o sistema — e venceu. Lutou para ser dona da sua arte e abriu caminho para que gerações inteiras pudessem viver de música.

Mais do que Música: Um Grito de Liberdade

Autora da clássica "Ó Abre Alas", o primeiro samba-enredo da história do Carnaval, Chiquinha foi muito além dos salões e teatros: sua música virou símbolo de resistência, liberdade e identidade cultural brasileira. Numa época em que o moralismo tentava calar as vozes femininas, ela compôs com ousadia, regeu orquestras e se tornou um ícone — ainda que a sociedade tentasse silenciar seu nome por décadas.

Chiquinha Gonzaga não foi só uma compositora, foi uma revolução em forma de mulher. Hoje, cada artista que assina uma música, cada mulher que rege uma orquestra, carrega um pouco do legado dela. E no Ruído Urbano, onde a arte e a resistência andam lado a lado, a gente não deixa essa história passar em branco.