Dave Evans (ex-AC/DC) alfineta o metal e critica a falta de alma no rock atual: “Não tem humanidade nenhuma nisso”

Da Redação - Ruído Urbano News
Dave Evans, o primeiro vocalista do AC/DC, deu uma entrevista afiada ao canal mexicano Rock111 e não poupou palavras ao comentar sobre o momento atual do rock, a supremacia de outros estilos no mainstream e a forma como enxerga o metal — tudo isso com aquele tom direto e provocador que já virou marca registrada.
Segundo Evans, o cenário atual da música é um reflexo do que as pessoas consomem, mas isso não significa que o rock tenha perdido seu valor. Ele aponta o dedo para a indústria e para as rádios que, segundo ele, deixaram o gênero de lado:
"Bem, eu poderia entrar em detalhes sobre isso. Mas é sobre as pessoas que compram os discos. E elas não estão tocando. A razão pela qual não é grande é porque elas não estão tocando no rádio. A última banda de rock contratada por uma grande gravadora foi há cerca de 20 anos… Não estou falando de metal; estou falando de rock and roll, música rock. Não há uma banda de rock contratada há 25 anos. Então, se as pessoas não estão ouvindo, como elas podem gostar? Você toca para elas, elas adoram. Mas na América Latina, elas ainda tocam rock no rádio. Elas ainda tocam rock no rádio na América Latina. Então as pessoas ainda adoram."
Mas foi quando o papo chegou na diferença entre rock e metal que a fala pegou fogo. Dave fez questão de traçar um contraste direto — e bem ácido — entre os dois estilos:
"Rock and roll é uma atitude — uma atitude de verdade, não fingida. Metal é uma atitude fingida… Eles sobem lá com a cara pintada e dizem: 'É, é'. E vão para casa, para as mães: 'Mamãe, o que tem para o jantar?' Mas rock and roll é real."
Além disso, Evans mostrou insatisfação com a sonoridade do rock moderno, que segundo ele perdeu o "calor humano" que bandas clássicas entregavam. Ele lamenta o excesso de técnica sem emoção:
"Muita música é bem clínica — é muito clínica. Volte e ouça agora bandas como Led e Free — é aí que você está sentindo, cara. Sentindo mesmo. Essa música hoje em dia é chata para mim porque não tem humanidade. Não tem humanidade nessa música… Pode ser inteligente e habilidosa, e [eles podem] tocar todos os acordes e todo esse tipo de coisa, mas não tem feeling. Essa é a humanidade, a humanidade da música. E esses caras que fazem tudo isso [ocupados destruindo] não tem humanidade nenhuma nisso. É só um fato. Como [Carlos] Santana — ele toca uma nota só… Essa é a humanidade na música. Não [tocar muitas notas em alta velocidade]. É isso que você deveria fazer em casa para poder tocar melodia. Isso são escalas. Isso não é música. Mas as pessoas gostam de assistir e acham que é inteligente. Depois de duas ou três músicas, você está entediado pra caramba. Aí você quer ir para casa. Então, a humanidade na música é muito importante. O sentimento, a alma, é disso que se trata a música."
A entrevista completa está disponível no canal do Rock111 no YouTube. Confira logo abaixo e tire suas próprias conclusões — principalmente se você for fã de metal (ou de jantar na casa da mãe).