Morre Edy Star aos 87 anos. Artista baiano deixa legado de irreverência na história da arte nacional

Da Redação - Ruído Urbano News
O cantor e performer baiano Edy Star morreu aos 87 anos em São Paulo. Segundo confirmação de sua assessoria, o artista estava internado em estado grave e sofreu complicações decorrentes de insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda.
Nascido em Juazeiro, Bahia, em 10 de janeiro de 1938, Edy começou cedo no meio artístico, marcando presença no programa "A Hora da Criança", na Rádio Sociedade da Bahia. Desde então, desenvolveu uma personalidade artística singular, misturando influências vibrantes do cabaré, chanchada e teatro de revista, resultando em apresentações sempre marcadas pela ousadia.
Nos anos 1960, partiu para Rio e São Paulo, ampliando seu espaço na cena artística nacional. Em 1971, participou do emblemático disco "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10", ao lado de Raul Seixas, Miriam Batucada e Sérgio Sampaio, projeto símbolo da contracultura brasileira.
Edy Star tornou-se famoso por desafiar padrões sociais conservadores, especialmente em relação à sexualidade e ao gênero, algo raro para a época. Sua trajetória inclui apresentações memoráveis em casas noturnas sofisticadas, como Number One e Up's no Rio, e também em espaços alternativos próximos à Praça Mauá. Destacava frequentemente que a arte possuía um papel transformador e essencial para a sociedade.
Sua carreira também passou pelo teatro, com destaque para sua participação na versão brasileira de "The Rocky Horror Show". Na música, lançou o álbum solo "Sweet Edy", que foi relançado em 2017 com participações especiais de Ney Matogrosso e Caetano Veloso. Nos anos 1990, mudou-se para a Espanha, mantendo intensa atividade artística, especialmente no teatro e na produção de eventos em boates.
De volta ao Brasil após quase duas décadas, Edy retomou com força sua carreira musical, lançando álbuns como "Cabaré Star" (produzido por Zeca Baleiro) em 2017 e "Meu amigo Sergio Sampaio", lançado em 2023.
Reconhecido como um pioneiro por ser o primeiro artista brasileiro a assumir publicamente sua homossexualidade, Edy Star deixa um importante legado cultural marcado pela coragem, originalidade e resistência artística.