Natascha Falcão e Julia Vargas apresentam “LeeGal”, show que une repertórios de Gal Costa e Rita Lee

Da Redação - Ruído Urbano News

O espetáculo LeeGal, apresentado por Natascha Falcão e Julia Vargas, estreou na noite de 26 de abril no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ), durante a abertura do show de Simone. A proposta do projeto é unir os repertórios de Gal Costa e Rita Lee, explorando pontos de convergência entre as trajetórias das duas artistas.

Homenagens a cantores falecidos muitas vezes seguem uma linha nostálgica, mas LeeGal propõe uma leitura que destaca a força e a autenticidade dos repertórios de Gal e Rita. Maria da Graça Costa Penna Burgos (1945–2022) e Rita Lee Jones (1947–2023) marcaram a história da música brasileira e, desde seus falecimentos, têm sido lembradas em diversos tributos. O novo projeto busca se inserir nessa homenagem, com uma abordagem focada em performances consistentes.

O roteiro do show explora momentos de interseção entre as carreiras das duas cantoras, que se iniciaram na Tropicália nos anos 1960. Gal Costa destacou-se como musa do movimento, enquanto Rita Lee ganhou projeção como integrante do trio Os Mutantes. Mais tarde, suas trajetórias voltaram a se cruzar com gravações como "Me recuso" (Rita Lee e Luiz Carlini, 1977), registrada por Gal, e no dueto em "Mania de você" (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1979), apresentado ao vivo em 1991.

Em LeeGal, as cantoras utilizaram figurinos que faziam referência às homenageadas, com uma flor no cabelo de Natascha e óculos vermelhos usados por Julia. A apresentação enfatizou as semelhanças artísticas entre Gal e Rita, para além do sucesso comercial que ambas alcançaram nos anos 1980.

Com acompanhamento de duas guitarras, Natascha Falcão (Recife/PE) e Julia Vargas (Cabo Frio/RJ) conduziram o espetáculo. Julia, também bailarina e percussionista, lançou seu primeiro álbum em 2012. Natascha, além de cantora, é atriz, e ganhou destaque em 2023 com o álbum Ave Mulher, seguido pelo EP Universo da Paixão (2024). Ambas vêm desenvolvendo suas carreiras em meio a um mercado musical dominado por tendências pop.

O repertório da estreia incluiu faixas como "Esotérico" (Gilberto Gil, 1976), "Ando meio desligado" (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias, 1970) e "Pagu" (Rita Lee e Zélia Duncan, 2000), esta última cantada em um bis improvisado atendendo a pedidos do público. Além de interpretações em dueto, Julia apresentou "Caso sério" (Rita Lee e Roberto de Carvalho, 1980) e Natascha interpretou "Baby" (Caetano Veloso, 1968).

Outros momentos do show incluíram "Vapor barato" (Jards Macalé e Waly Salomão, 1971), "Ovelha negra" (Rita Lee, 1975) e "Vaca profana" (Caetano Veloso, 1984). A última foi adaptada sutilmente por Natascha no verso "Quero que pinte um amor Simone", mantendo a canção como um manifesto em defesa das liberdades individuais.

O roteiro ainda colocou lado a lado o rock "Agora só falta você" (Rita Lee e Luiz Carlini, 1975) e o tropicalismo combativo de "Divino maravilhoso" (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1968), evidenciando a ligação entre o repertório das homenageadas.

Gal Costa e Rita Lee usaram suas vozes, suas imagens e suas atitudes para contestar padrões sociais e culturais durante os anos de repressão no Brasil. A montagem de LeeGal propõe revisitar essas manifestações artísticas por meio das interpretações de Natascha Falcão e Julia Vargas.