O freio no corre: Rap nacional sente o peso da desaceleração em 2025

25/04/2025

Da Redação - Ruído Urbano News

Nos últimos anos, o rap brasileiro bateu de frente com os gigantes. Tomou o topo do streaming, esgotou ingressos em arenas, colou nos line-ups dos maiores festivais do país e elevou o jogo a outro nível. Mas em 2025, o ritmo mudou. E não foi só uma pausa — foi um baque. A cena desacelerou como poucas vezes se viu desde o boom da década passada.

De janeiro pra cá, o número de grandes festivais com nomes do rap caiu visivelmente. Line-ups murchos, eventos adiados ou simplesmente cancelados viraram pauta recorrente. A queda não é só sobre artistas cobrando caro, como se ventila por aí. A questão é mais funda, mais estrutural.

"O problema não tá só no valor do cachê, tá em tudo: produção, estrutura, logística. É uma equação que não fecha mais fácil como antes", comentou um produtor que preferiu não se identificar. Segundo ele, os custos para realizar eventos de médio e grande porte dispararam, enquanto o retorno financeiro nem sempre acompanha.

Além da grana, a falta de renovação tem preocupado. Nomes de peso seguem em alta, mas novos talentos têm cada vez menos espaço para emergir com consistência. "Se você não tem base sendo alimentada, a pirâmide desaba. A conta uma hora chega", disse uma curadora de festival que, este ano, teve de cortar mais da metade das atrações de rap da programação.

Outro ponto sensível é o enfraquecimento de redes de apoio. Muitos coletivos independentes que fomentavam a cena local desapareceram por falta de investimento ou esgotamento dos envolvidos. Com menos batalhas, menos selos ativos e menos circulação de artistas em periferias e centros urbanos, o terreno ficou mais árido.

É um ciclo que se retroalimenta: menos eventos significa menos visibilidade, menos oportunidades, menos público — e, claro, menos renda. E sem fôlego, até nomes promissores enfrentam o risco de sumir antes de consolidar a carreira.

Apesar do cenário sombrio, ninguém decretou o fim do jogo. O rap já sobreviveu a tempos duros antes e continua sendo uma das expressões culturais mais potentes do Brasil. Mas pra voltar a acelerar, talvez seja preciso reconstruir a pista — de baixo pra cima.