Os 7 Cantores mais Icônicos do Nordeste Brasileiro (Incluindo os que a grande mídia ainda subestima)
Da Redação - Ruído Urbano News
O Nordeste brasileiro não é coadjuvante na história da música nacional — ele é o protagonista. De vozes que cantam o sertão àquelas que ecoam resistência e poesia, o Nordeste é uma potência cultural que molda o Brasil há décadas. Aqui estão sete cantores que marcaram a música nordestina, e que merecem ser celebrados não só pelo que cantam, mas pelo que representam.

1. Luiz Gonzaga – O Rei do Baião (Pernambuco)
Luiz Gonzaga não apenas criou um gênero — ele moldou uma identidade. O filho de Januário foi o grande responsável por tirar o sertão do anonimato e projetar sua sonoridade para todo o país. Com sua inseparável sanfona, ele consolidou o baião, o xote e o forró como linguagens sonoras brasileiras.
"Asa Branca", uma das maiores músicas da história do Brasil, fala de seca, saudade e fé — mas poderia ser também um hino nacional paralelo. Gonzaga deu voz a um povo esquecido, com dignidade, carisma e verdade. Ele é a espinha dorsal da música nordestina.

2. Jackson do Pandeiro – O Ritmo em Pessoa (Paraíba)
Jackson do Pandeiro era o mestre do compasso, o gênio da síncope. Seu senso rítmico influenciou desde sambistas a músicos experimentais. Ao lado de Luiz Gonzaga, foi um dos maiores divulgadores da música nordestina no século XX — só que com um swing diferente, mais solto, mais brincante.
Canções como "Sebastiana", "Chiclete com Banana" e "O Canto da Ema" são verdadeiras escolas de ritmo. Mas mesmo com um repertório afiado e uma carreira influente, Jackson muitas vezes é esquecido nas discussões sobre os grandes nomes da música brasileira. Injustiça pura — seu legado é imenso e atual.

3. Ednardo – O Poeta Psicodélico do Ceará (Ceará)
Ednardo é um daqueles nomes que ficam entre o mainstream e o cult. E talvez por isso mesmo tenha se tornado um tesouro escondido da música brasileira. Sua obra, marcada por lirismo e regionalismo psicodélico, é uma aula de originalidade.
"Pavão Mysteriozo" foi seu maior sucesso, eternizado na abertura da novela Saramandaia, mas sua discografia vai muito além. Ednardo fez parte do movimento Pessoal do Ceará, que revelou também nomes como Belchior e Fagner, e trouxe para a MPB um olhar nordestino, místico e urbano. É um artista que merece redescoberta urgente.

4. Zé Ramalho – O Místico do Sertão (Paraíba)
"Avohai", seu clássico absoluto, é ao mesmo tempo um poema e uma oração. Zé tem o dom de fazer o ouvinte mergulhar em paisagens mentais onde o cangaço encontra o psicodélico. Sua presença no imaginário musical brasileiro é única, e sua obra, profundamente original.

5. Chico César – O Militante da Canção (Paraíba)
Com hits como "Mama África" e "À Primeira Vista", Chico estourou nos anos 90, mas nunca se acomodou. Continuou produzindo discos afiados e relevantes, com sonoridade sofisticada e letras que cutucam feridas. É uma voz corajosa e necessária no Brasil de hoje.

6. Alceu Valença – O Delírio Tropical (Pernambuco)
Assistir a um show de Alceu é participar de um ritual coletivo. Ele transforma o palco numa festa de carnaval cósmico, onde o frevo encontra o rock e o repente flerta com a psicodelia. Alceu é ousadia e tradição em estado bruto.
Apesar de ser um ícone no Nordeste e colecionar clássicos como "Anunciação", "La Belle de Jour" e "Tropicana", Alceu ainda é visto por parte da crítica do eixo Rio-SP como "excêntrico demais" — como se isso fosse um defeito. Mas é justamente sua excentricidade que o torna um dos maiores artistas do país. Alceu é liberdade.

7. Cátia de França – A Voz da Terra e das Estrelas (Paraíba)
Seu álbum 20 Palavras ao Redor do Sol é uma joia rara, com letras inspiradas em João Cabral de Melo Neto e sonoridades que vão do folk ao repente. Cátia canta como quem lança feitiços. É feminista, marginal e mística. Subestimada? Sim. Mas para quem descobre sua obra, não há volta: ela vira referência.
Muito além dos modismos, o Nordeste é eternidade em forma de som.
Esses sete artistas são apenas uma fração do talento que brota da terra nordestina. Suas vozes narram a história de um povo forte, criativo e profundamente musical. São ícones — mesmo que alguns ainda precisem ser reconhecidos como tal.