SCORPIONS Vira Jogo Sob Chuva e Cansaço e Encerra Monsters Of Rock Com Show Encorpado

Da Redação - Ruído Urbano News
Encerrar festival depois de um show avassalador do Judas Priest, com chuva e o público já exausto, não é tarefa simples. Mas o Scorpions não está há 60 anos na estrada à toa. Mesmo com cenário adverso, os alemães entraram no Allianz Parque com garra e entregaram um show grandioso que cresceu com o tempo — e terminou como grande celebração.
Depois de Judas deixar o palco, o clima era de maratona encerrada. Muita gente sentada, filas gigantes para banheiro e comida, e uma garoa chata no ar. Foram quase 50 minutos de intervalo, com a produção correndo contra o tempo pra secar o palco — preocupação mais que justa pra uma banda com integrantes de 76 anos.
O início da apresentação não empolgou tanto. Um vídeo de introdução da turnê dos 60 anos, com quase cinco minutos, esfriou o clima logo após o apagar das luzes. A abertura com "Coming Home" soou morna — e nem a fala de Klaus Meine ajudou muito: "a banda estava chegando em casa em São Paulo". A sequência com "Gas in the Tank", do disco mais recente Rock Believer (2022), também não mexeu com o público.
A chuva seguia e a movimentação da banda estava contida. Klaus, se poupando por motivos de saúde. Rudolf Schenker, mais contido do que de costume, evitando escorregões. Mas aos poucos, o cenário foi mudando.
A virada veio com "Make it Real" e sua bandeira do Brasil no telão, seguida de "The Zoo", talkbox e baquetas voando no ar. A vibe começou a acertar em cheio com "Coast to Coast", instrumental que trouxe a clássica imagem do trio de guitarras na linha de frente.
Mesmo assim, o público ainda não se soltava de vez. O medley setentista — "Top of the Bill", "Steamrock Fever", "Speedy's Coming" e "Catch Your Train" — não teve o reconhecimento que merecia, mas era peça-chave da proposta de relembrar os primórdios. A aposta seguinte foi certeira: "Bad Boys Running Wild" reacendeu a plateia e a partir dali, o show deslanchou.
Com "Send Me an Angel" e "Wind of Change", o estádio virou um mar de vozes e lanternas de celular. As menos esperadas "Loving You Sunday Morning" e "I'm Leaving You" vieram bem encaixadas, mantendo o embalo. Klaus, mesmo com a voz um pouco desgastada, segurou o vocal com dignidade, vestindo sua jaqueta que dizia "Rock'n'Roll Forever".
Nem o solo de baixo e bateria (ok, um pouco longo demais) conseguiu derrubar a moral do show. Mikkey Dee, aliás, foi um destaque à parte — seu peso na bateria foi comemorado a cada batida. A reta final trouxe a avalanche com "Tease Me Please Me" e "Big City Nights", levando o público à loucura.
Diferente do que aconteceu em Brasília, dessa vez teve "Still Loving You", fechando a primeira parte com aquele clima de nostalgia. A volta pro bis demorou um pouco mais, graças ao vídeo que anunciou a entrada do escorpião inflável gigante no palco — um show à parte com seu movimento à la bonecão de posto.
"Blackout" surgiu destruindo tudo, coroando a celebração com energia total, até culminar em "Rock You Like a Hurricane" com a galera cantando junto. Uma hora e quarenta depois do início tímido, os Scorpions mostraram por que ainda estão no topo. Sessenta anos de carreira não se completam à toa — e depois dessa noite, duvidar que eles vão até os 70 é pura heresia.