Zack De La Rocha e a Real sobre os EUA: “Vivemos em uma das sociedades mais brutais da história”

Da Redação - Ruído Urbano News
Conhecido por nunca aliviar nas palavras, Zack De La Rocha, vocalista do Rage Against the Machine, já soltou declarações poderosas ao longo da carreira — e uma delas segue ecoando até hoje. Falando sobre o peso histórico e social dos Estados Unidos, o músico descreveu o país como uma das sociedades mais brutais já existentes e defendeu o papel da arte como ferramenta de enfrentamento.
"Morando nos Estados Unidos, você vive em uma das sociedades mais brutais da história do mundo. O país que herdou o genocídio dos povos nativos americanos. Um país que participou da escravidão, o único país do mundo a usar e lançar uma bomba atômica sobre outro país, o país que assassinou e escravizou milhões no Sudeste Asiático, como resultado da Guerra do Vietnã, e nos inspiramos nas pessoas que resistiram."
Zack também ressaltou que o sistema atual é construído para favorecer uma minoria privilegiada, enquanto a maioria vive à margem:
"Nos inspiramos porque acreditamos que qualquer sociedade, governo ou sistema criado exclusivamente para beneficiar uma classe rica, enquanto a maioria das pessoas trabalha, sofre e vende sua força de trabalho, enquanto o único motivo verdadeiro desse sistema for o lucro e não a manutenção e o aprimoramento da população para atender às necessidades humanas, essa sociedade não deve prevalecer.
Ela deve ser desafiada, questionada e derrubada. Despertar para o longo legado de brutalidade da história americana e subjugar a população mundial é algo que queríamos desafiar por meio da música."
Na mesma entrevista, ele fez referência ao segundo disco da banda, Evil Empire (1996), que marcou época ao chegar ao topo da Billboard e se tornar um símbolo do rock politizado dos anos 90. Sobre o título, Zack explicou:
"'Império' é a palavra que os Estados Unidos se tornaram, os Estados Unidos são um império. É uma das forças mais poderosas da economia global. O título, na verdade, veio de um discurso proferido por Ronald Reagan, na década de 1980, quando ele se referiu à União Soviética como o 'império do mal'. Se você observar as atrocidades cometidas pelos EUA na segunda metade do século XX, esse nome, imaginamos que esse nome, ou esse rótulo, poderia facilmente ser usado para descrever os EUA. E é por isso que o usamos."
Ele ainda comentou a simbologia da capa do disco, que traz um garoto com expressão dúbia:
"A imagem do segundo disco é um pouco mais irônica. Se você olhar atentamente para o rosto do menino, para nós ele simboliza a estrutura de poder nos EUA. Se você olhar para ele, ele está sorrindo como se estivesse no controle. Mas se você olhar mais profundamente em seu rosto, verá que ele está com medo. Porque ele sabe o que está por vir. Ele sabe que os pobres nos EUA não continuarão sofrendo da maneira que sofrem sem tomar medidas contra eles."
Com o clima político atual nos EUA, especialmente diante da possível volta de Donald Trump ao poder, as falas de De La Rocha ganham novo peso. Questões como ataques aos direitos civis, repressão à imigração e desigualdade social voltam à linha de frente — e a música de protesto, como a do próprio Rage Against the Machine ou até do Green Day, segue sendo uma ferramenta crucial na resistência cultural.